FUJÕES, TARTARUGAS E IRRESPONSABILIDADE

 

De todas as notícias dessa edição, poderia chamar a atenção desse editorialista a confirmação das condenações de João Vitor da Costa, vereador e ex presidente da Câmara e do "laranja" Marcos Siqueira Batista, pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais, por improbidade administrativa, em virtude do golpe que tentaram, e quase conseguiram, aplicar nos cofres do município no final de 2008. Poderia chamar a atenção, e ser merecedora de um editorial, a notícia da confirmação, pela Câmara Municipal, do Parecer Prévio do Tribunal de Contas que rejeitou as contas do ex-prefeito Chico Marques do ano de 2002, e suas consequências para sua pretendida candidatura à cadeira de Jorge Mouallem nas eleições desse ano.

Uma notícia trazida na última edição, no entanto, nos chama mais a atenção: duas crianças conseguiram fugir de uma creche pública da cidade. Não estamos falando de duas crianças de 8 ou 10 anos de idade, doidas para curtirem a liberdade das ruas e para matarem aulas, como seria comum. Falamos de duas crianças com apenas 2 anos de idade!!! Crianças que, normalmente, não saberiam nem mesmo se caminhariam para a direita ou para a esquerda, quando passaram pelos portões daquela creche.

O fato, que quase chega a ser engraçado não fosse a tragédia familiar que poderia decorrer – e felizmente não decorreu, porque foram encontradas – lembra a piada do guarda tão lerdo, que seria capaz de deixar duas tartarugas sob sua vigilância fugirem sem deixar pistas. A Prefeitura, como não poderia deixar de ser, declarou que iria instaurar um "rigoroso" inquérito administrativo para apurar como aquelas crianças conseguiram sair da creche, sem que ninguém percebesse.

Não precisa nenhum rigoroso inquérito: aconteceu por mera, exclusiva irresponsabilidade dos responsáveis pela segurança das crianças que ali são deixadas por seus pais ou responsáveis, enquanto pensam que podem ficar tranquilos nos seus respectivos trabalhos, porque seus filhos, netos, sobrinhos, estão sendo bem cuidados e, logicamente, vigiados para não cometerem traquinagens que os ponham em risco. Se um fato desses acontecesse numa unidade militar, o comandante da unidade seria sumariamente exonerado, e os subalternos diretamente envolvidos, punidos. No campo civil, contudo, instaura-se rigorosos inquéritos, que tramitarão mais lentos que as tartarugas que vigiavam aquelas crianças até que o caso seja, aí sim sumariamente, esquecidos.

 

 

 

Fonte itajubá notícia